terça-feira, 5 de junho de 2012

satanic warmaster - carelian satanist madness (2005)

Olá, amigos do blog. Perdoem a ausência deste humilde colaborador, estudos e trabalho têm exigido muito tempo, muito mesmo. O André tem segurado as pontas com ótimos posts. Enfim, eis-me aqui de volta.

Tenho me aventurado em algumas produções de metal extremo dos últimos anos e curtido algumas delas. Uma das coisas diferentes (e perigosas) do rock, diferencial em relação a outros gêneros de música, é a insanidade explorada em todos os seus graus.

Satanic Warmaster é uma banda finlandesa de black metal composta por Lauri Penttilä e mais ninguém. Seu disco em questão é Carelian Satanist Madness (2005), sem exageros, um clássico. Um clássico que compensa ser ouvido, pois retoma características de há muito esquecidas no mercado do metal extremo (hoje calcado na produção de sons mais polidos e cheios de melodia), características sujismundas que consagraram o gênero em seus primórdios.

O nome do álbum é um clichezão risível sobre a Karelia, região politicamente instável e etnicamente fragmentada compreendida entre Finlândia e Rússia. Fora paganismo, ocultismo, satanismo e outros “ismos” esperados, as letras abordam itens da pauta de qualquer partido de direita europeu que se preze: excesso patriótico, supremacia ariana, exaltação do legado cultural branco e de regimes totalitários do passado.

O que justificaria então um brasileiro, de sangue misto e em pleno sol escaldante dos trópicos, ouvir esse tipo de sandice? Talvez porque tais ideologias ainda persistam em larga escala nos países nórdicos e valham a pena ser observadas, do ponto de vista cultural. Talvez porque o talento compositor de Pentillä seja tão grande – e acho que é! – que supere as merdas que lhe saem da boca. Talvez porque seja possível refugiar o intelecto por alguns minutos do politicamente correto que cresce dia mais por aqui.

A gravação parece feita num microfone velho de computador, qualquer indivíduo versado no seu instrumento gravaria o disco sem maiores dificuldades. As faixas estão logicamente ordenadas numa descendente que poucas vezes vi. Tudo começa da forma mais “animada” possível com Satanic Vampiric Tyrant e seu riff matador, uma belíssima faixa de abertura com alguns elementos notadamente heavy. Após algumas faixas bem viajadas, mais alinhadas com o negócio pagão da coisa e mantendo o nível grudento dos riffs, terminamos com Blessed be, the Grim Arts!

Essa última faixa é que me deu a certeza de estar diante de um clássico. Não pelo uso manjado de sons de órgão, mas pela estrutura fidelíssima à do recitativo no canto gregoriano: um tema instrumental monofônico repetido à exaustão e uma voz acompanhada de baixo contínuo. Se de propósito ou mera coincidência, pouco importa, embora fique a impressão sobre um conhecimento do autor em relação às competências musicais do medievo.

Track List

1. Satanic Vampiric Tyrant
2. Carelian Satanist Madness
3. True Blackness
4. My Dreams of Hitler
5. Eaten by Rats
6. 666
7. My Kingdom of Darkness
8. Blessed be, the Grim Arts!

Baixe o álbum aqui.