sábado, 23 de junho de 2012

abertura da maiden england tour (iron maiden) - charlotte, nc, eua

Ontem, no Verizon Amphitheatre, em Charlotte, North Carolina, EUA, deu-se início à tão esperada Maiden England 2012 Tour, do Iron Maiden. A turnê é comemorativa à turnê do Seventh Son of a Seventh Son, sétimo disco da Donzela, lançado em 1988, e ao registro, na cidade de Birmingham, nos dias 27 e 28 de novembro de 1988, do VHS que leva o nome da atual tour. Para muitos fanáticos pela história do Iron, a tracklist do Maiden England é uma das melhores de toda a história da banda, contendo verdadeiras raridades ao vivo, como Killers (do disco homônimo, de 1981), The Prisoner (lançada no The Number of the Beast, em 1982), Still Life (faixa do Piece of Mind, de 1983) e Seventh Son of a Seventh Son (faixa-título do disco de 1988).

Havia uma apreensão muito grande, por parte dos fãs, acerca de qual seria o setlist deste primeiro show. Durante a última semana, o Maiden lançou um vídeo (abaixo), no qual os integrantes falavam um pouco sobre o que esperavam da tour, e um papel na mão de Dave Murray acabou chamando a atenção por conter músicas que, aparentemente, os membros estavam ensaiando no recesso da banda (vale lembrar que desde 6 de agosto de 2011, quando a Donzela apresentou-se na O2 Arena, em Londres, fechando a The Final Frontier World Tour, não houve nenhuma apresentação da banda).





Por volta das 20h de ontem (21/06/2012), com uma hora de atraso em relação ao previsto, Alice Cooper subiu ao palco, para o show de abertura. Titia Alice, assim como os americanos do Coheed and Cambria, vai excursionar com o Iron nessa primeira perna da tour, que vai passar apenas por EUA e Canadá. Eis que, aproximadamente às 21h15 (horário de Brasília)...

"Seven deadly sins
Seven ways to win
Seven holy paths to hell, and the trip begins..."

Moonchild, música de abertura do Seventh Son of a Seventh Son, fechava com o jejum de quase 11 meses sem shows da Donzela. Era de se esperar, já que ela também foi executada no VHS que deu nome à tour (além de, na minha opinião, ser uma das melhores faixas que o Maiden dispõe para a abertura dos shows). Segue-se o setlist com Can I Play with Madness (também do SSoaSS) e The Prisoner, exatamente a mesma ordem do registro original até aqui, e 2 Minutes to Midnight (Powerslave, 1984), música que é figurinha carimbada nos shows do Maiden.



A primeira surpresa do setlist: Afraid to Shoot Strangers. A música foi lançada no Fear of the Dark, em 1992, e portanto depois da turnê original. A inclusão foi uma surpresa também pelo fato de que a música não era executada desde 1998, na Argentina, e com Bruce nos vocais não era executada desde 1993, assim que ele deixou a banda para seguir sua carreira solo.



Seguindo, temos The Trooper, do disco Piece of Mind. Por incrível que pareça, a música esteve de fora da tracklist original, apesar de hoje ser certa em qualquer show da Donzela. A carne-de-vaca The Number of the Beast, do disco homônimo, vem logo em seguida. A oitava música é Phantom of the Opera, do disco debut Iron Maiden, lançado em 1980, e é uma das preferidas de muitos fãs. Na sequência, outra música quase certa em todo show do Maiden: Run to the Hills, também do The Number of the Beast.



Reza a lenda de que Steve Harris e Cia. não vão muito com a cara de um de seus lançamentos. O álbum em questão é o Somewhere in Time, lançado em 1986. De fato, suas músicas não costumam aparecer nos shows. Neste, no entanto, surgiu uma, que é a mais executada (de longe) do disco: Wasted Years. A composição, de Adrian Smith, deu início à parte mais épica de todo o show, que teve continuação com a execução de Seventh Son of a Seventh Son, do disco homônimo, e talvez a mais esperada de todo o show, dentre as anteriormente confirmadas. O espetáculo tornou-se ainda maior pelo Eddie gigante surgido atrás do palco, que retrata o diabo na história original da música - o disco, como um todo, é baseado na obra de Orson Scott Card, The Seventh Son. Emendando-se a esta, vem The Clairvoyant, ainda do SSoaSS.



A décima terceira música do show foi duramente criticada por boa parte das pessoas que acompanharam a cobertura do show ao vivo, através de blogs como o Iron Maiden Brasil e o Flight 666, foi Fear of the Dark. A música, lançada no disco homônimo, segundo a maioria, é uma música que "já deu o que tinha que dar" - em outras palavras, de tão repetitiva acabou se tornando óbvia e não acrescentando nada ao setlist, opinião da qual compartilho. A primeira parte do show fecha-se então com Iron Maiden, faixa-título do disco debut.



Poucos minutos depois, a banda volta ao palco para tocar seu encore. Quando o famoso discurso de Winston Churchill, após a Inglaterra ingressar na Segunda Guerra Mundial, começa a ser reproduzido, todos sabemos que é hora de Aces High, faixa de abertura do disco Powerslave. Segue-se a ela The Evil that Men Do, a quinta música do Seventh Son of a Seventh Son a ser incluída no show (sendo que o disco tem oito músicas). Pra fechar de vez, mais uma música do debut do Maiden, homônimo: Running Free.



É interessante salientar que houve uma lista, divulgada ainda durante o show de Alice Cooper, que informava aquele que seria, em tese, o setlist do show. De fato, à medida que o show caminhava, percebeu-se que era mesmo o setlist oficial. Segue a imagem abaixo.



Nota-se, durante o setlist, que as músicas foram escolhidas a dedo, de uma forma que agradasse ao público, à banda, que teve que ensaiar muito as músicas que não foram tocadas durante muito tempo neste longo intervalo entre as tours, e que também fosse coerente com o setlist do Maiden England original. De fato, o setlist escolhido foi muito bom, com a ressalva de Fear of the Dark, já ressaltada anteriormente, e as ausências de Killers, Still Life e, principalmente, Infinite Dreams (Seventh Son of a Seventh Son).

No entanto, nenhuma ausência foi mais sentida que Hallowed Be Thy Name. A música, lançada em 1982 no The Number of the Beast, nunca havia ficado de fora de um setlist da banda desde então. O baterista Nicko McBrain chegou a afirmar, em tom de brincadeira, que não subiria no palco caso a música não fosse executada em algum show. E pela primeira vez em 30 anos, ela não estava lá. De qualquer forma, certamente ela aparecerá no decorrer da tour: se vocês repararem bem, na imagem de Dave Murray, lá em cima, aparece no papel NOTB (Number of the Beast, the), Phantom (of the Opera) e Hallowed (Be Thy Name), entre outras.

Os fãs brasileiros, inclusive este que vos fala, ficam na expectativa para a confirmação de novas datas da Maiden England 2012 Tour em outras partes do mundo, inclusive no Brasil. Rola um burburinho muito forte de que eles possam vir ao Brasil por volta de março de 2013 - a última vez que o Maiden esteve aqui foi em março/abril de 2011 e passou por São Paulo, Curitiba, Belém, Rio de Janeiro, Brasília e Recife. Ficamos na espera por novidades. Up the Irons!

Setlist - Verizon Wireless Amphitheatre, Charlotte, North Carolina, EUA (21/06/2012)

1- Moonchild (Seventh Son of a Seventh Son, 1988)
2- Can I Play with Madness (Seventh Son of a Seventh Son, 1988)
3- The Prisoner (The Number of the Beast, 1982)
4- 2 Minutes to Midnight (Powerslave, 1984)
5- Afraid to Shoot Strangers (Fear of the Dark, 1992)
6- The Trooper (Piece of Mind, 1983)
7- The Number of the Beast (The Number of the Beast, 1982)
8- Phantom of the Opera (Iron Maiden, 1980)
9- Run to the Hills (The Number of the Beast, 1982)
10- Wasted Years (Somewhere in Time, 1986)
11- Seventh Son of a Seventh Son (Seventh Son of a Seventh Son, 1988)
12- The Clairvoyant (Seventh Son of a Seventh Son, 1988)
13- Fear of the Dark (Fear of the Dark, 1992)
14- Iron Maiden (Iron Maiden, 1980)

Encore:

15- Aces High (Powerslave, 1984)
16- The Evil that Men Do (Seventh Son of a Seventh Son, 1988)
17- Running Free (Iron Maiden, 1980)

terça-feira, 5 de junho de 2012

satanic warmaster - carelian satanist madness (2005)

Olá, amigos do blog. Perdoem a ausência deste humilde colaborador, estudos e trabalho têm exigido muito tempo, muito mesmo. O André tem segurado as pontas com ótimos posts. Enfim, eis-me aqui de volta.

Tenho me aventurado em algumas produções de metal extremo dos últimos anos e curtido algumas delas. Uma das coisas diferentes (e perigosas) do rock, diferencial em relação a outros gêneros de música, é a insanidade explorada em todos os seus graus.

Satanic Warmaster é uma banda finlandesa de black metal composta por Lauri Penttilä e mais ninguém. Seu disco em questão é Carelian Satanist Madness (2005), sem exageros, um clássico. Um clássico que compensa ser ouvido, pois retoma características de há muito esquecidas no mercado do metal extremo (hoje calcado na produção de sons mais polidos e cheios de melodia), características sujismundas que consagraram o gênero em seus primórdios.

O nome do álbum é um clichezão risível sobre a Karelia, região politicamente instável e etnicamente fragmentada compreendida entre Finlândia e Rússia. Fora paganismo, ocultismo, satanismo e outros “ismos” esperados, as letras abordam itens da pauta de qualquer partido de direita europeu que se preze: excesso patriótico, supremacia ariana, exaltação do legado cultural branco e de regimes totalitários do passado.

O que justificaria então um brasileiro, de sangue misto e em pleno sol escaldante dos trópicos, ouvir esse tipo de sandice? Talvez porque tais ideologias ainda persistam em larga escala nos países nórdicos e valham a pena ser observadas, do ponto de vista cultural. Talvez porque o talento compositor de Pentillä seja tão grande – e acho que é! – que supere as merdas que lhe saem da boca. Talvez porque seja possível refugiar o intelecto por alguns minutos do politicamente correto que cresce dia mais por aqui.

A gravação parece feita num microfone velho de computador, qualquer indivíduo versado no seu instrumento gravaria o disco sem maiores dificuldades. As faixas estão logicamente ordenadas numa descendente que poucas vezes vi. Tudo começa da forma mais “animada” possível com Satanic Vampiric Tyrant e seu riff matador, uma belíssima faixa de abertura com alguns elementos notadamente heavy. Após algumas faixas bem viajadas, mais alinhadas com o negócio pagão da coisa e mantendo o nível grudento dos riffs, terminamos com Blessed be, the Grim Arts!

Essa última faixa é que me deu a certeza de estar diante de um clássico. Não pelo uso manjado de sons de órgão, mas pela estrutura fidelíssima à do recitativo no canto gregoriano: um tema instrumental monofônico repetido à exaustão e uma voz acompanhada de baixo contínuo. Se de propósito ou mera coincidência, pouco importa, embora fique a impressão sobre um conhecimento do autor em relação às competências musicais do medievo.

Track List

1. Satanic Vampiric Tyrant
2. Carelian Satanist Madness
3. True Blackness
4. My Dreams of Hitler
5. Eaten by Rats
6. 666
7. My Kingdom of Darkness
8. Blessed be, the Grim Arts!

Baixe o álbum aqui.