domingo, 19 de junho de 2011

ralf scheepers - scheepers (2011)

Ralf Scheepers (ex-Gamma Ray, Primal Fear)




Uma experiência que sempre me deixa com pulga atrás da orelha é ouvir o trabalho solo de algum vocalista, especialmente quando ele rompe com a banda que lhe projetou para a fama. São muitos os casos de fracasso, às vezes porque o vocalista não soube conduzir um álbum inteiro sozinho, às vezes porque não era tão bom compositor quanto julgava ser. Destas incursões, tão frequentes quanto duvidosas, costumam sair baladas com algum potencial de venda, turnês fraquíssimas e biografias fragilizadas pela dependência de uma line-up fixo. Para vender e convencer, um álbum precisa lembrar algo feito por uma banda, esta é a grande verdade. É nesta identificação com o nome forte de uma banda e seus membros que os projetos solo costumam esbarrar, por melhores que sejam.

Teoricamente, o álbum solo é uma tentativa corajosa de encaixar ideias que não serviram para a banda principal. Scheepers (2011) faz exceção à regra e traz uma sonoridade bastante parecida com os primeiros anos do Primal Fear misturado com um pouco de Judas Priest. Vale lembrar que um dos grandes empecilhos para a aceitação de um álbum solo são os detalhes obscuros que o produtor adota no sentido de tornar a obra mais “cult” e separar a imagem do membro dissonante em relação ao resto da banda. Ralf Scheepers, que vai muito bem obrigado no Primal Fear, não incorre nesse tipo de erro e faz um trabalho matador com uma proposta nítida que não precisa de várias audições para ser assimilada.

Ralf é um excepcional cantor e não precisa provar nada sobre seus dotes musicais, talvez por isso o álbum tenha saído tão leve e fácil de ouvir. A qualidade do disco é inquestionável e soa feito um power/heavy metal tradicional que só a Alemanha sabe produzir. A produção é assinada por Matt Sinner e conta com as ilustres participações de Kai Hansen (quase um rei Midas do metal: onde coloca a mão sai trabalho bom) e Tim “Ripper” Owens (substituto de Rob Halford no Judas Priest na década de 90, posto que Ralf, fã confesso, nunca negou almejar).

As primeiras seis faixas, num total de doze, são de pura inspiração e pegada, todas com peso e refrões grudentos que levam o ouvinte a pensar o porquê de não serem melhor aproveitadas pelo Primal Fear. O peso diminui um pouco com algumas experimentações e o cover da balada Before the Dawn – com todo respeito aos deuses do Judas Priest, eu achei o cover mais legal que a original –, mas a qualidade se mantém firme. Afirmo categoricamente que, desde o Silicon Messiah (Blaze Bayley) não ouço um trabalho solo tão ambicioso e convicto de si, vale a pena conferir.

Track List
1. Locked in the Dungeon
2. Remission of Sin
3. Cyberfreak
4. The Fall
5. Doomsday
6. Saint of Rock
7. Before the Dawn
8. Back in the Track
9. Dynasty
10. The Pain of the Accused
11. Play With Fire
12. Compassion

O álbum pode ser baixado aqui.