sábado, 25 de junho de 2011

o efeito borboleta




Dentre as várias subvertentes da Teoria do Caos, o Efeito Borboleta é, ao menos para mim, particularmente interessante. É amplamente conhecido na cultura popular, através de uma ilustração alegórica, na qual o bater de asas de uma borboleta no Central Park, em Nova York, desencadearia uma série de fatores climatológicos e meteorológicos que resultariam em um tufão na costa do Japão, por exemplo.

Elaborei um sistema simples para exemplificar melhor o efeito borboleta. Imagine um ônibus que rode em uma cidade qualquer. Sua trajetória consiste em uma estrada perfeitamente retilínea, pavimentada, sem nenhum fator que o faça parar ou desviar o caminho (tais como buracos, lombadas ou semáforos). Imagine também que ele trafega sempre sozinho, sem nenhum outro veículo que interfira em sua trajetória. Finalmente, imagine que este ônibus sempre trafegue em uma velocidade constante. Ele sai de seu ponto inicial precisamente ao meio-dia e pega exatamente as mesmas pessoas, nos mesmos pontos e, consequentemente, nos mesmos horários. Depois de terminar sua trajetória, ele chega no terminal central da cidade precisamente às 13h.

Vamos causar um leve "caos" no sistema: por um descuido qualquer, o motorista sai do ponto inicial às 12h01. Isso acarretaria que algum passageiro que, porventura, sempre chegue alguns segundos atrasados no ponto em que costuma pegar o ônibus possa pegar este, em virtude do atraso. O fato de que o passageiro, ao subir no ônibus, consome algum tempo da viagem, acarretaria que o motorista não está apenas um minuto atrasado, mas um minuto e meio, por exemplo. Isso poderia desencadear que um passageiro de um outro ponto, mais distante, que chegue precisamente um minuto depois de o ônibus passar, possa pegar este. Tal efeito poderia se repetir várias vezes, e o motorista não chegaria um minuto atrasado, mas cinco, talvez até dez. Analogamente, poderia se pensar que o ônibus chegaria cinco ou dez minutos adiantado, caso o motorista tivesse saído do ponto inicial às 11h59.

Demonstrei este problema a um colega físico na Universidade. Ele me respondeu: "o sistema é muito ideal. Isso soa muito absurdo a quem ouve tal história, pois as condições são muito bem delimitadas". A priori, sim, o sistema é perfeitamente ideal e jamais seria aplicável ao mundo cotidiano. Porém, o exemplo que eu demonstrei anteriormente pode ser muito bem apenas para fins de entendimento. Se forem inseridas outras variáveis, como a velocidade agora não constante do ônibus, o sistema pode ainda permanecer em equilíbrio: se o motorista andar mais rápido, mais pessoas poderão perder o horário rotineiro; se o motorista, pelo contrário, for mais lento, outros passageiros podem pegar o mesmo ônibus. Tal número de fatores inseridos interfere diretamente no resultado final do processo (ao qual os matemáticos chamam de modelagem): quanto maior o número de variáveis, mais complexo o sistema, porém mais próximo da realidade o é.

Embora seja uma área relativamente nova, o efeito borboleta já encontra aplicações nas mais diversas áreas do conhecimento: nas exatas, além de proposições físicas (cujo exemplo acima pode ser considerado como tal), o efeito borboleta encontra aplicações na engenharia, por exemplo em previsões sobre o quão resistente é uma ponte e quanto peso ela suporta; nas ciências médicas, pode ser usado para calcular a quantidade de insulina a ser injetado na veia de um diabético, por exemplo; finalmente, nas biológicas, a modelagem matemática e o efeito borboleta pode ser usado na previsão do tamanho de uma população em dado momento da história.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

vá aos shows




Bruce Dickinson disse certa vez que “a diferença entre baixar um vídeo do Iron e vê-lo ao vivo é a mesma coisa que ver um DVD de uma atriz pornô tendo sexo e fazer sexo com ela”. Analogias vulgares à parte, ele está coberto de razão ao alegar que não existe melhor sensação para o fã que estar num show e ver aquelas músicas, até então virgens em suas versões de estúdio, serem tocadas diante de seus olhos.

As bandas sabem que não há como impedir o compartilhamento de material audiovisual na internet e podem tomar duas providências distintas em relação a isso: reclamar por seus direitos junto às gravadoras e sites de busca – o que é justo, embora pouco efetivo – ou promover mais turnês para divulgarem seus trabalhos. O primeiro mandamento da indústria fonográfica hoje é lançar um trabalho apenas quando puder abarcar toda a logística de sua turnê.

As televisões ainda não transmitem cheiro nem simulam o rico contato entre seres humanos e é por isso que os shows ao vivo são uma experiência completa somente para quem está no evento. E se depender da venda de discos físicos, com a promessa de encartes e selos diferenciados, já não é tarefa fácil para as bandas de maior porte, que dirá aquelas sem grande projeção na cena.

No interior paulista, folhetos são pregados em postes para divulgarem shows que, se julgados pela arte da divulgação, teriam tudo para ser um fiasco. As pessoas que raciocinam desta forma se esquecem de que muitas dessas bandas não podem bancar uma divulgação decente e optam pelo material de menor custo e com melhor visibilidade geográfica. Muitas delas são de alto nível – digo sem medos, até porque nenhuma banda nasce grande e nem todo talento é privilegiado – e precisam fazer shows em uma noite ouvindo impropérios de bêbados para pagarem o almoço do dia seguinte.

Parece demagogia, mas a realidade da cena underground nacional é esta. Muitos bons grupos acabam cedo e seus integrantes precisam ceder o prazer de fazer música em troca de um emprego burocrático. A música presencial só resiste Brasil afora porque ainda existe gente corajosa o suficiente para descer do pedestal de conforto que a internet proporciona e pagar preços módicos por longas noites de rock’n roll.

Vá aos shows, prestigie o movimento nacional, dê aos bons artistas o incentivo financeiro que nossos governantes preferem dar aos cárceres.

domingo, 19 de junho de 2011

ralf scheepers - scheepers (2011)

Ralf Scheepers (ex-Gamma Ray, Primal Fear)




Uma experiência que sempre me deixa com pulga atrás da orelha é ouvir o trabalho solo de algum vocalista, especialmente quando ele rompe com a banda que lhe projetou para a fama. São muitos os casos de fracasso, às vezes porque o vocalista não soube conduzir um álbum inteiro sozinho, às vezes porque não era tão bom compositor quanto julgava ser. Destas incursões, tão frequentes quanto duvidosas, costumam sair baladas com algum potencial de venda, turnês fraquíssimas e biografias fragilizadas pela dependência de uma line-up fixo. Para vender e convencer, um álbum precisa lembrar algo feito por uma banda, esta é a grande verdade. É nesta identificação com o nome forte de uma banda e seus membros que os projetos solo costumam esbarrar, por melhores que sejam.

Teoricamente, o álbum solo é uma tentativa corajosa de encaixar ideias que não serviram para a banda principal. Scheepers (2011) faz exceção à regra e traz uma sonoridade bastante parecida com os primeiros anos do Primal Fear misturado com um pouco de Judas Priest. Vale lembrar que um dos grandes empecilhos para a aceitação de um álbum solo são os detalhes obscuros que o produtor adota no sentido de tornar a obra mais “cult” e separar a imagem do membro dissonante em relação ao resto da banda. Ralf Scheepers, que vai muito bem obrigado no Primal Fear, não incorre nesse tipo de erro e faz um trabalho matador com uma proposta nítida que não precisa de várias audições para ser assimilada.

Ralf é um excepcional cantor e não precisa provar nada sobre seus dotes musicais, talvez por isso o álbum tenha saído tão leve e fácil de ouvir. A qualidade do disco é inquestionável e soa feito um power/heavy metal tradicional que só a Alemanha sabe produzir. A produção é assinada por Matt Sinner e conta com as ilustres participações de Kai Hansen (quase um rei Midas do metal: onde coloca a mão sai trabalho bom) e Tim “Ripper” Owens (substituto de Rob Halford no Judas Priest na década de 90, posto que Ralf, fã confesso, nunca negou almejar).

As primeiras seis faixas, num total de doze, são de pura inspiração e pegada, todas com peso e refrões grudentos que levam o ouvinte a pensar o porquê de não serem melhor aproveitadas pelo Primal Fear. O peso diminui um pouco com algumas experimentações e o cover da balada Before the Dawn – com todo respeito aos deuses do Judas Priest, eu achei o cover mais legal que a original –, mas a qualidade se mantém firme. Afirmo categoricamente que, desde o Silicon Messiah (Blaze Bayley) não ouço um trabalho solo tão ambicioso e convicto de si, vale a pena conferir.

Track List
1. Locked in the Dungeon
2. Remission of Sin
3. Cyberfreak
4. The Fall
5. Doomsday
6. Saint of Rock
7. Before the Dawn
8. Back in the Track
9. Dynasty
10. The Pain of the Accused
11. Play With Fire
12. Compassion

O álbum pode ser baixado aqui.

sábado, 11 de junho de 2011

cacophony - speed metal symphony (1987)

Jason Becker e Marty Friedman, fundadores do Cacophony




Este é um trabalho de pura inspiração, resultado da união entre os ases da guitarra Jason Becker (na ocasião com apenas 17 anos) e Marty Friedman. Ambos nutriam um gosto comum pelo chamado metal neoclássico e resolveram explorar esta forma particular de tocar e compor numa banda/projeto chamada Cacophony. A curta trajetória do Cacophony se resume a dois álbuns geniais: um de excelente vendagem e outro que mal serviu para as despesas de produção. As músicas que surgiram desta parceria eram essencialmente instrumentais e, quando executadas nos shows, faziam lembrar concertos em que as atrações principais são os músicos virtuoses que se apresentam para uma plateia atenta e respeitosamente passiva.

O movimento neoclássico é uma das poucas associações explícitas entre rock’n roll e música clássica que merece respeito dos ouvintes e da crítica. Em primeiro lugar, porque não faz uso vulgar de orquestras para demonstrar falsa erudição; em segundo lugar, porque afirma indiretamente a cultura da partitura em vez da tablatura; por fim, exige de seus praticantes não apenas dedos rápidos, mas uma criatividade acima da média para não se limitar aos simples intervalos de terça de que até grandes nomes do heavy metal, como Iron Maiden e Judas Priest, abusam. Aqui se faz a distinção entre Yngwie Malmsteen, sujeito veloz e inteligente que soube aproveitar a fatia de mercado das músicas rápidas e orquestradas, e Jason Becker, jovem influenciado por Bob Dylan e Eric Clapton que praticava horas a fio e estudava a obra de Niccolò Paganini*. Em minha humilde opinião, portanto, tudo que se fez em Cacophony dá um banho nas palhetadas à velocidade da luz do sueco temperamental.

Speed Metal Symphony contém complexas estruturas musicais, que vão de arpejos e escalas maiores até escalas orientais – indiana, egípcia, árabe – que utilizam outras frações para subdividir os tons. Isto é revolucionário posto que, dentro de toda a história da música, poucos se meteram a transitar, numa mesma peça, da rígida forma europeia de 13 notas por oitava até outras com mais de 20. Os caras esbanjam técnica e, por mais louváveis que sejam os trabalhos de bateria, baixo, vocal e sintetização, as guitarras é que protagonizam este trabalho histórico. Jason Becker ficaria paralítico algum tempo depois, enquanto Marty Friedman integraria o Megadeth.

*Niccolò Paganini (1782 – 1840) é tido por muitos como autor do estereótipo dos grandes instrumentistas de corda, seu aspecto doente, seus cabelos compridos e roupas predominantemente pretas. Seu marketing pessoal era fortalecido tanto em retratos com ele e seu violino em chamas quanto lendas de que firmara pacto com o diabo e comia bolor de pão. Qualquer semelhança com artistas de heavy metal é mera coincidência.

Track List
1. Savage
2. Where My Fortune Lie
3. The Ninja
4. Concerto
5. Burn the Ground
6. Desert Island
7. Speed Metal Symphony

Baixe este álbum aqui.

terça-feira, 7 de junho de 2011

metallica x megadeth: qual é a melhor banda?


Com a camiseta do Motörhead, James Hetfield e, com a camiseta do MSG, Dave Mustaine, outrora tocando juntos no Metallica




Headbangers, em geral, têm fama de caras turrões, que procuram treta por qualquer coisa. São aqueles caras que sempre andam em bando, com jaqueta de couro e uma bandana do Black Sabbath amarrada à cabeça. E algumas brigas ficaram famosas no meio, justificando tal fama: Ozzy Osbourne e Ronnie James Dio, já que este último "roubou" seu posto no Black Sabbath e, posteriormente, o baterista de sua banda, Vinny Appice; o mesmo Ozzy e sua recente peleja com o Iron Maiden, mais precisamente com Bruce Dickinson, em um circo também protagonizado por sua mulher e empresária, Sharon Osbourne; declarações ácidas e nem um pouco amigáveis entre os ex-companheiros de Dio, Vivian Campbell (guitarrista) e o próprio Dio, trocando "elogios" do tipo "ser humano mais desprezível que já viveu" (dito por Campbell) e "cuzão do caralho" (por Dio). Mas nenhuma dessas trocas de farpas ficou mais sobressalente no meio metal, a meu ver, do que a velha discussão entre os dinossauros do thrash metal, Metallica e Megadeth - mais precisamente, entre os dois líderes das respectivas bandas, o baterista Lars Ulrich e o guitarrista/vocalista Dave Mustaine.

Vamos aos fatos. Primeiro semestre de 1982, Los Angeles: uma banda nova surgia na cidade e, aos poucos, ganhava o status de pioneira em um estilo totalmente inovador à época. Lars Ulrich, filho de um tenista famoso na Dinamarca e que tinha pouco talento para o esporte, alguns anos atrás, havia conhecido a NWoBHM (New Wave of British Heavy Metal, Nova onda do Heavy Metal Britânico em tradução livre) e se apaixonado pelo movimento. Lars nunca escondeu que bandas como Blitzkrieg, Diamond Head e Saxon foram e ainda são suas principais bases a tudo que ele sempre sonhou em ser. E conseguiu ser, após fundar o Metallica, em 1981, coma ajuda de um moleque órfão, James Hetfield, que tocava guitarra e cantava em uma banda pequena, chamada Leather Charm, e que conheceu através de um anúncio em um jornal local.

Em janeiro de 1982, o Metallica já tinha uma música (Hit the Lights, fortemente baseada em Shoot Out the Lights, do Diamond Head) em uma coletânea, lançada por um amigo banger de Lars, Brian Slagel. Porém, o guitarrista solo à época, Lloyd Grant, era mais versado no blues, de modo que os solos soavam melódicos demais e agressivos - como o nome "thrash", que já havia sido aderido, sugeria - de menos. Em outro anúncio no mesmo jornal que conheceu Hetfield (e que, indiretamente, conheceu o baixista Ron McGovney, amigo de James), a banda recebeu um certo David Scott Mustaine, que viria a substituir Grant. Mustaine era conhecido por ser o guitarrista mais rápido da cena de Los Angeles, mas também por seus excessos nas drogas e na bebida.

No segundo semestre de 1982, o Metallica, que já havia feito alguns shows nos bares da cidade (e havia sido calorosamente aclamado em todos eles) já andava um tanto desgastado. Ron era um baixista demasiado lento para o estilo, e Lars havia conhecido um tal Clifford Lee "Cliff" Burton em um show de sua antiga banda Trauma. Sem maiores explicações, McGovney foi demitido, e Cliff assumiu o posto, sob a única condição de que a banda se mudasse para San Francisco, acatada pelos demais. Em um dado momento do show, Cliff começou a tocar um solo tão rápido e distorcido (ele usava um pedal de guitarra para aumentar a distorção) apenas dedilhando, tal qual faziam Geezer Butler (Black Sabbath) e Steve Harris (Iron Maiden). James achava impossível aquele som, tinha de haver algum truque ou alguma guitarra escondida atrás do palco. (Aconteceu algo semelhante comigo ao ouvir, pelas primeiras vezes, Anesthesia (Pulling Teeth), um solo de baixo do debut do Metallica, Kill 'em All. Eu podia jurar que aquele era um solo de guitarra... São distorções, de fato, fenomenais.)

O descontentamento com Mustaine, por parte de Ulrich e Hetfield, continuava. Suas composições no Kill 'em All e alguns riffs do segundo disco, Ride the Lightning, eram matadores, e por isso ele continuou. Mas seus excessos no palco estavam se tornando grandes demais: diz-se que, em certo show, Dave teria saído no braço com James, pois não aguentava se ver subjulgado - na visão dele - durante as performances. Em novembro, o Metallica já era considerada uma grande promessa. No festival conhecido como Metal Monday, a banda teve o seu show aberto por outra promessa da cena, o Exodus, que contava com um guitarrista cujo tutor era ninguém menos que o Mago Careca, Joe "Satch" Satriani - o tal guitarrista era Kirk Hammett. Em um primeiro contato, não soou tão impressionante como com Cliff, mas tal encontro seria fundamental alguns meses depois.

A gota d'água de Mustaine na banda foi quando ele, bêbado, durante a viagem entre San Francisco e New Jersey (onde a banda encontrara alguém que custeasse o tão sonhado primeiro disco), bateu a van em um jipe. Como o dinheiro de Johnny Zazula (o tal empresário) era pouco, e Mustaine já havia passado dos limites, este sugeriu que a banda encontrasse um substituto e demitisse Dave. Após ouvir algumas demos do Exodus, aquela banda que eles ouviram tocar meses antes, Hetfield e Ulrich sabiam que Kirk Hammett, aquele guitarrista, era o cara para o Metallica, visto que sua característica mais melódica se contrapunha perfeitamente aos riffs secos e diretos de James. Depois de um show em New York, no dia 9 de abril de 1983, Dave, totalmente bêbado, foi colocado dentro de um ônibus e mandado de volta para San Francisco.

Somente no dia seguinte, dado o estado deplorável no qual se encontrava, Mustaine sacou que ele estava fora do Metallica. É óbvio que ele não ficou nem um pouco contente com a notícia, e prometeu vingar-se de Lars, James e Kirk, formando uma banda que iria tirar todo o brilho e prestígio que o Metallica já havia conseguido. Nas palavras do próprio,
"Após ser expulso do Metallica, tudo que eu lembrava era que eu queria sangue. O deles. Queria ser mais rápido e pesado que eles."
O ponto máximo de todo o ódio que Mustaine adquiriu pelo Metallica talvez seja a composição de Mechanix, música que é de sua autoria, lançada no debut do Megadeth, sua nova banda, Killing is my Business... and Business is Good! Mechanix também foi adaptada pelo Metallica em uma versão mais cadenciada, The Four Horsemen. Seguiram-se daí várias trocas de farpas, inclusive entre os fãs que, não raro, comparam entre os dois clássicos maiores de ambas as bandas, Master of Puppets (1986, Metallica) e Rust in Peace (1990, Megadeth), para discutir qual deles é o maior clássico do thrash metal. Recentemente, entraram, ainda que indiretamente e de forma bem mais moderada, o Anthrax e o Slayer na parada, completando o grupo conhecido como o Big Four do thrash.

Particularmente, gosto mais do estilo do Megadeth (e, consequentemente, de Dave Mustaine) de compor. Alguns clássicos, como Rust in Peace... Polaris e a própria Mechanix são cheios de agressividade, o instinto mais primitivo do thrash. Em contrapartida, o Metallica tem músicas que são perfeitamente thrashers, como Battery (uma das maiores porradeiras do metal) e Ride the Lightning, concatenadas com músicas mais virtuosas, como as simplesmente perfeitas instrumentais Orion e The Call of Ktulu. Apesar disso, ambas as bandas se jogaram demais em um estilo mais pop na década de 1990, como notoriamente nos frequentemente tidos como os piores de cada uma das bandas, o Risk (1999, Megadeth) e o St. Anger (2003, Metallica). Os dois últimos discos de cada uma delas, Death Magnetic (2008, Metallica) e Endgame (2009, Megadeth), a meu ver, são um retorno ao thrash que cada uma delas apresentou em sua era mais clássica. No geral, por ser um pouco mais constante e com um abismo menos profundo, digamos assim, que o Metallica, eu prefiro o Megadeth.

E você, o que acha? Qual das bandas é melhor, o Metallica ou o Megadeth?