sábado, 9 de abril de 2011

benediction - transcend the rubicon (1993)

Darren Brooke, Frank Healy, Dave Ingram,
Peter Rewinsky e Ian Treacy




Hoje, ao se pensar numa banda de metal extremo, é quase impossível não associá-la ao estereótipo de caras que pintam seus rostos com maquiagem pesada em escala de cinza cantando mensagens obscuras em voz estilo gutural tão compreensível quanto o logotipo do grupo, ou seja, nada. Algumas vertentes são tão extremas que beiram o retardo mental, incluindo em suas letras adorações escatológicas ao gramunhão que não fazem o menor sentido.

Particularmente, o estilo gutural supracitado apresenta as mesmas limitações tonais que afetam outros gêneros de música-protesto, focadas na força de transmissão das mensagens e no quão perturbadoras elas podem ser para o ouvinte. Não quero dizer com isso que as vozes padeçam de técnica, pelo contrário: manter um som rasgado e agressivo durante uma apresentação inteira, a não ser que o dono da voz deseje perdê-la em poucos anos, requer técnica absurda. Essa estrutura exige esforço dobrado dos compositores e instrumentistas, já que, além da competência habitual em seus instrumentos, eles precisam fornecer a base de compensação a um vocal dedicado exclusivamente à letra.

É por esse motivo que Transcend the Rubicon (1993) da banda inglesa Benediction está na minha lista de álbuns prediletos do death metal. Nele é possível encontrar uma pegada old school poucas vezes ofertada na história do metal e que, quanto mais eu escuto as novas bandas, mais dá saudade de encontrar num trabalho. Com o passar dos anos e a saturação esperada, aos apreciadores restaram basicamente os core altamente técnicos e as distorções absurdas que extrapolam os ouvidos. Essa linha original com cheiro de anos oitentea do death metal contempla categoricamente as duas características, sem pender para nenhuma delas.

Neste trabalho a sanidade do homem é questionada a todo instante numa visão desesperadora, caótica, cheia de vultos, recordações e teorias sobre a incerteza das coisas. A vida é apresentada numa espécie de via sacra sem possibilidade de retorno e, como o próprio estilo sugere, interessa-nos apenas este fim, bem sabido, de toda instância biológica conhecida: a morte.

Track List
1. Unfound Mortality
2. Nightfear
3. Paradox Alley
4. I Bow to None
5. Painted Skulls
6. Violation Domain
7. Face Wihout Soul
8. Bleakhouse
9. Blood From Stone
10. Wrong Side of the Grave
11. Artefacted Spit Forth
12. Saneless Theory (live)
13. Deadfall (live)

Você pode baixar este álbum aqui.