domingo, 24 de abril de 2011

wolfmother - wolfmother (2005)



Da esquerda para a direita: Myles Heskett (baterista), Andrew Stockdale (vocalista e guitarrista) e Chris Ross (baixista e tecladista)





Tenho ouvido de muitas pessoas ultimamente que o rock não é mais o mesmo, que as bandas de antigamente decaíram demais, que o rock está morto, etc. Os amigos certamente já devem ter ouvido algo do tipo também. Bom, que o rock não é mais o mesmo é fato consumado, mas que o rock está morto, para nossa felicidade, ainda está bem longe de ser verdade. Há muitas bandas surgidas no final da década de 1990 e começo da década de 2000 que têm uma qualidade fenomenal. Porém, a maioria delas, a meu ver, peca por um único detalhe: elas não conseguem fugir do lugar-comum, uma sonoridade comum a todas elas, como se fossem entrelaçadas entre si. Mas algumas poucas conseguiram se libertar deste padrão, resgatando, por muitas vezes, a sonoridade de bandas dos anos 1970 e, particularmente, 1980. E é uma dessas bandas que merece o post de hoje: o Wolfmother.

Aliás, quero chamar a atenção para mais um fato sobre o Wolfmother que eu julgo ser relevante: a banda foi formada em Erskineville, no subúrbio da cidade australiana de Sydney. Pois é, é do país famoso pelos cangurus e por ter revelado ao mundo o AC/DC que vêm as maiores pérolas do rock atual, seguindo cada qual um estilo muito peculiarmente seu. Em outros posts, pretendo mostrar algumas outras delas.

Mas voltemos ao Wolfmother. A banda foi formada em 2000, por um jovem chamado Andrew Stockdale. A princípio, dedicou-se a fazer pequenas jams em barzinhos da cidade de Sydney. A banda só teve certa notoriedade em 2003, com o lançamento de seu primeiro EP, denominado Wolfmother. A banda já caracterizava-se fortemente pelos vocais de Stockdale, que lembra muito, a meu ver, o vocal de Robert Plant (eterno vocalista do Led Zeppelin) e o ritmo alucinante que Myles Heskett (baterista) e Chris Ross (baixista e tecladista) impunham à banda.

Em 2005, depois de participar de festivais como o Homebake e o Big Day Out, a banda decide arrumar as malas em direção aos EUA. Lá, é gravado o debut da banda, auto intitulado, título do post. Riffs secos e diretos quando necessário, bem ao estilo do Black Sabbath (porém com temas não tão sombrios), mas também com toda a cadência e inventividade do Deep Purple. Logo de cara, a banda emplaca alguns hits: Dimension, Pyramid e Joker and the Thief são escaladas para jogos e trilhas sonoras de filmes, onde a banda ganha a atenção do público jovem. Woman, sem sombra de dúvidas o maior sucesso do grupo, leva o Grammy na categoria Melhor Desempenho de Hard Rock de 2007, além de ser emplacada no console PS2, no jogo musical Guitar Hero.

Em 2009, já com uma nova formação (Aidan Nemeth na guitarra base, Ian Peres no baixo, no teclado e nos backin' vocals e Dave Atkins na bateria, além de Andrew Stockdale na guitarra solo e nos vocais), a banda lançou seu segundo disco, Cosmic Egg. Embora o disco tenha sido bem recebido pela crítica, entre os fãs ficou um gostinho de "quero mais", em decorrência do excelente trabalho desenvolvido no debut. As músicas White Feather e New Moon Rising são os principais hits, sendo que esta última ganhou uma considerável notoriedade por aqui ao ter seu clipe exibido pela MTV e pelo Multishow. Em 2010, Dave Atkins deixa a banda, dando lugar a Will Rockwell-Scott nas baquetas. Especula-se um lançamento ainda para este ano de 2011.

Track List

1. Colossal
2. Woman
3. White Unicorn
4. Pyramid
5. Mind's Eye
6. Joker and the Thief
7. Dimension
8. Where Eagles Have Been
9. Apple Tree
10. Tales from the Forest of Gnomes
11. Withcraft
12. Vagabond

Você pode baixar o álbum aqui.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

hammerschmitt - hammerschmitt (1985)


Hans Wolf, Eduard Keller, Andreas Püchel, Ralf Deutscher e Diethard Schmmitt




Essa é mais uma daquelas velharias alemãs que não tiveram o sucesso merecido. Ao passo em que foi extremamente produtiva, a década de oitenta foi cruel com uma série de bandas talentosas. Não há muito que falar a respeito do Hammerschmit senão que seu único registro é simplesmente maravilhoso e valeu todo o esforço de encontrar raridades net afora para achá-los.

Diferente de muitos grupos que abusam da inocência seguidas vezes e não alavancam seu som além daquele feito na garagem de casa, os Hammershmit demonstram maturidade acima da média com músicas inspiradas e bastante apelo comercial. Não é um trabalho inovador e repete uma série de fórmulas que faziam sucesso à época, porém com a competência dos grandes mentores do heavy tradicional.

Por mais que não tenha virtuosismos executados à velocidade da luz ao quadrado, o instrumental do álbum tem muito de Yngwie Malmsteen, desde o ajuste das guitarras, passando pelos casamentos tonais de terça e quinta ordem, até uma simulação caseira do som de órgão ao final de Line of Meredion. O trabalho ganha em riqueza com algumas inversões durante as canções, de tal maneira que uma mesma faixa de curta duração traga dois ou três comportamentos distintos para a banda sem perder a unidade rítmica.

Disco raro e matador, baixem!

Track List

1. Line of Meredian
2. Race to Hell
3. The Devils Cry
4. Big City Action
5. I Go My Way
6. Tears in My Eyes
7. Air Born
8. Victims
9. Bringers of War

Faça o download do álbum aqui.

scorpions - taken b-side II (2011)



Da esquerda para a direita: Matthias Jabs (guitarrista solo), Rudolf Schenker (guitarrista base), Klaus Meine (vocalista), Paweł Mąciwoda (baixista) e James Kottak (baterista)





Tenho um fanatismo extremo pelos Escorpiões de Hannover. Como descrevi em meu post introdutório, foi a banda que me trouxe ao rock, a primeira do estilo que me despertou interesse. Tamanho fanatismo me proporcionou pesquisar e conhecer fatos e músicas que a maioria desconhece. Seguindo essa proposta, um dos milhões de fãs da banda criou um disco-bootleg, o Taken B-Sides, apresentando várias essas músicas: algumas que foram lançadas como bônus dos discos da banda, outras lançadas em singles e coletâneas. E em uma das conversas casuais de MSN com meu amigo David, igualmente fanzaço da banda, surgiu a ideia: que tal fazer um disco só com raridades? Foi daí que surgiu o Taken B-Sides II, um disco apenas com músicas não lançadas pela banda, com covers de outras bandas, como Alabama Song (The Doors) e My Generation (The Who) e com novas versões de músicas já consagradas pela banda, como Big City Nights e Holiday.

Primeiramente, peço desculpas se o disco peca pela qualidade. Algumas músicas foram retiradas do YouTube, e apresentações ao vivo, gravadas por fãs, e obviamente ficam bem aquém do que se pode considerar de boa qualidade. O David conseguiu mexer em algumas delas, deixando-as um pouco melhores, e eu achei o trabalho muito bom. Depois, trabalhamos na escolha das músicas e no nivelamento de volume entre elas. Finalmente, coube a mim a escolha da ordenação que eu julguei a ideal e a edição das ID Tags, além do upload. E cá está o trabalho, prontinho.

Vamos às músicas. Primeiro, um dueto entre Klaus Meine, vocalista dos Scorpions, e Tobias Sammet, em seu projeto Avantasia, soltando a voz em Dying for an Angel, música lançada no disco The Wicked Symphony, de 2010. Na sequência vem Pretty at Night, uma instrumental que ficou entre as "sobras de estúdio" do conclamado disco Love at First Sting, de 1984. Catch Your Train, na versão unreleased do disco ao vivo Tokyo Tapes, aparece como faixa três. Um jam entre os Scorpions e o Faith No More, My Generation (cover do The Who), vem em seguida, acompanhada do cover do The Doors, a famosíssima Alabama Song.

Segue o disco com Big City Nights, do Love at First Sting, em versão acústica, e Holiday, do disco Lovedrive (1979), com a participação toda especial de Wolfgang Dziony, primeiro baterista da banda. Também do Lovedrive, Always Somewhere vem na sequência, em versão instrumental. A faixa de número 9 é Bridge to Heaven, mais uma nunca lançada, com a participação de Uli Jon Roth, guitarrista que fez história na década de 1970 enquanto esteve na banda - tanto que esta fase dos Scorpions é conhecida entre os fãs como "Era Roth". Jerusalem of Gold é um dueto entre Klaus Meine e a cantora israelense Liel Kolat, lançada em um single homônimo.

A faixa My Love é do italiano Zucchero e executada em um show dos Scorpions de 1999 - um ano depois, Zucchero participaria do disco Moment of Glory, nos vocais de Send Me an Angel. Segue-se Keep the World Safe, mais uma música nunca outrora lançada, e Maybe I Maybe You, do disco Unbreakable (2004), executada apenas no piano. Na sequência, um medley de quatro covers dos Beatles (And I Love Her, Back to Hannover - versão de Back to the USSR -, Yesterday e When I Saw Her Standing There) e Let the Good Times Roll, gravada em um show em Colônia, de 1975.

Pra fechar o disco, New Horizon, outra faixa inédita, Rock My Car que, até onde tenho conhecimento, foi executada uma única vez, no festival Monsters of Rock de 1986, e Doctor Doctor, cover da banda britânica UFO, na qual Michael Schenker, irmão de Rudolf e primeiro guitarrista dos Scorpions, tocou. Finalmente, uma versão ao vivo de The Best is Yet to Come, música que fecha o último disco da banda, Sting in the Tail (2010) e símbolo mor desta nova fase da banda, com ares de despedida em razão da aposentadoria, anunciada ano passado.

Track List
1. Dying for an Angel
2. Pretty at Nite
3. Catch Your Train
4. My Generation
5. Alabama Song
6. Big City Nights
7. Holiday
8. Always Somewhere
9. Bridge to Heaven
10. Jerusalem of Gold
11. My Love
12. Keep the World Safe
13. Maybe I Maybe You
14. Beatles Medley
15. Let the Good Times Roll
16. New Horizon
17. Rock my Car
18. Doctor Doctor
19. The Best is Yet to Come

Faça o download desta álbum aqui.

sábado, 16 de abril de 2011

sigur rós – ágaetis byrjun (1999) e tributo do kronos string quartet (2007)

Ágúst Gunnarsson, Kjartan Sveinsson, Jón Birgisson e Georg Hólm




A minha relação com música é estreita e não deve fugir muito daquilo que os amantes da arte estabelecem em suas vidas. Assim sendo, todos os dias selecionar uma playlist consoante o meu humor é tão fundamental quanto escovar os dentes e trabalhar. Colocar algo para tocar e preencher os ouvidos pode ser uma atividade trivial para esvair o tédio ou refletir profundamente em tudo que se passa.

Certos elementos musicais contribuem para o aumento da sensibilidade auditiva, são criados de propósito para causarem reações diversas no espectador. A arte em geral serve para isso, mas aqui faço referência direta a uma escola de produção que foca nas harmonias e texturas que sirvam a esse fim.

Sigur Rós é uma banda islandesa de rock alternativo que representa muito bem esse movimento, incorporando sons sinfônicos e minimalistas às suas composições. Não estranhe se não entender as letras por eles cantadas, pois utilizam uma língua própria e sem significado, a Vonlenska, desprovida também de gramática e sem qualquer utilidade para comunicação; apenas sua fonética é aproveitada para dar ritmo ao som que emerge dos instrumentos. Os ecos e experimentalismos são aproveitados com a inteligência de quem deseja estabelecer no ouvinte um sabor de quero-mais, próximo daquilo que Carl Off sugere em sua Carmina Burana quando imprime repetições de melodias e textos tão intensos que grudam na memória sem você querer.

Vai de presente um EXCELENTE tributo da faixa Flugufresalrinn por uma formação de câmara especialista na transcrição de peças populares para o repertório erudito. Acompanha uma versão do hino estadunidense inspirada em Jimi Hendrix.

Álbum e tributo de beleza comovente que faz bem aos sentidos.

Track List
1. Intro
2. Svefn-G-Englar
3. Starálfur
4. Flugufresalrinn
5. Ny Batteri
6. Hjartaõ Hamast
7. Viõrar Vel Til Loftárasa
8. Olsen Olsen
9. Ágaetis Byrjun
10. Avalon

Você pode fazer o download deste álbum aqui.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

crimson glory - transcedence (1988)

Jon Drenning, Ben Jackson, Midnight, Jeff Lords e Dana Burnell




Esse é o tipo de álbum que apenas o espírito criativo dos anos 80 poderia legar. Não por ser melhor ou pior em relação ao que se oferta hoje, mas por você ter a impressão de sempre estar ouvindo um long play que acabara de adquirir ansiosamente numa loja especializada. Pode até ser relançado com os últimos recursos em correção de defeitos de gravação e adequação aos padrões digitais do mp3, você está diante de um bolachudo de duas décadas atrás, não tente fugir.

Sempre que penso no início de carreira do Crimson Glory, a associação com os suecos do Europe é instantânea: ambos aderiram a discretos elementos glam, embora nunca fizessem questão de assumir as posições extremas de musicalidade impostas pelo gênero. Seus dois primeiros álbuns também traziam um hard’n heavy de tremendo apelo comercial e vocais que casavam assustadoramente com as pretensões sonoras dos álbuns.

A grande diferença, que pode inclusive ter sido determinística para a menor projeção da banda em questão, é a linha progressiva subjetiva que pontuou seus trabalhos. Pois, se hoje é quase impossível conceber um grupo fazendo rock progressivo sem uma cópia reduzida das distorções do Dark Side of The Moon ou uma história conspiratória nos moldes de Operation: Mindcrime, Transcedence abusa da simplicidade para transitar seus temas entre as mais diversas sensações humanas.

O trunfo deste álbum é falar de amor sem ser piegas. Com raras exceções, os personagens apaixonados são retratados pela dedicação exclusiva, em atos e pensamentos, a uma pessoa amada – aqui, em contrapartida, uma abordagem densa e intimista sugerindo reflexões ao ouvinte sem alugar sua paciência e estado de espírito ou enfiar goela abaixo uma lista de termos trágicos.

A tragédia pode até existir, mas é sutilmente transmitida pelo talentoso vocalista Midnight. Sua interpretação carregada de sentimento e agudos inacreditáveis é uma das maiores da história do metal.

Track List
1. Lady Of Winter
2. Red Sharks
3. Painted Skies
4. Masque Of The Red Death
5. In Dark Places
6. Where Dragons Rule
7. Lonely
8. Burning Bridges
9. Eternal World
10. Transcedence

Baixe este álbum aqui.

domingo, 10 de abril de 2011

o imbróglio entre diretores e músicos da OSB






Toda expressão artística existe, a rigor, para externar os anseios do homem de uma maneira que os sentidos sejam capazes de perceber com um tanto de prazer pessoal. Determinados grupos se formam em torno de uma concepção artística comum e, por mais gritante que seja a diferença individual entre seus membros, fugir dos estereótipos é uma tarefa complicada. O grande público ainda é obrigado a conviver com as anedotas midiáticas de que os headbangers não passam de reacionários sem causa, bem como os ouvintes de música clássica substituem soníferos tarja-preta por uma audição.

Nem uma coisa, nem outra. Ontem, em pleno teatro municipal do Rio de Janeiro, os esperados aplausos na entrada do maestro Roberto Minczuk foram substituídos por vaias do público e instrumentistas se levantando como que numa reação em cadeia. Uma atitude tipicamente rock’n roll, digna dos mais escancarados protestos contra mandos e desmandos, soou vinte longos minutos nas irresponsáveis cabeças dos dirigentes da Orquestra Sinfônica Brasileira. Instituição cultural, em teoria, que há muito tempo incorpora tudo aquilo que o serviço público tem de pior: o corporativismo, o empreguismo e o exclusivismo.

O momento mais comovente talvez tenha sido a adesão dos músicos aos apelos do público. São todos jovens, com bem menos experiência e escalados de última hora para cobrir uma turnê que não poderia ser encarada pela orquestra titular e seu vergonhoso déficit de 44 funcionários demitidos sem justa causa. São todos jovens e, diante da grande chance de suas vidas, uma rara oportunidade de mostrarem serviço na orquestra titular nacional, aumentando seus salários e visibilidade, eis que se solidarizam com a situação dos companheiros de ofício mais velhos.

A sala de concertos, que tantas vezes abriga o silêncio do público e a exclusiva manifestação sonora da orquestra, protagonizou pelo menos numa noite o espetáculo dos papéis invertidos.

sábado, 9 de abril de 2011

benediction - transcend the rubicon (1993)

Darren Brooke, Frank Healy, Dave Ingram,
Peter Rewinsky e Ian Treacy




Hoje, ao se pensar numa banda de metal extremo, é quase impossível não associá-la ao estereótipo de caras que pintam seus rostos com maquiagem pesada em escala de cinza cantando mensagens obscuras em voz estilo gutural tão compreensível quanto o logotipo do grupo, ou seja, nada. Algumas vertentes são tão extremas que beiram o retardo mental, incluindo em suas letras adorações escatológicas ao gramunhão que não fazem o menor sentido.

Particularmente, o estilo gutural supracitado apresenta as mesmas limitações tonais que afetam outros gêneros de música-protesto, focadas na força de transmissão das mensagens e no quão perturbadoras elas podem ser para o ouvinte. Não quero dizer com isso que as vozes padeçam de técnica, pelo contrário: manter um som rasgado e agressivo durante uma apresentação inteira, a não ser que o dono da voz deseje perdê-la em poucos anos, requer técnica absurda. Essa estrutura exige esforço dobrado dos compositores e instrumentistas, já que, além da competência habitual em seus instrumentos, eles precisam fornecer a base de compensação a um vocal dedicado exclusivamente à letra.

É por esse motivo que Transcend the Rubicon (1993) da banda inglesa Benediction está na minha lista de álbuns prediletos do death metal. Nele é possível encontrar uma pegada old school poucas vezes ofertada na história do metal e que, quanto mais eu escuto as novas bandas, mais dá saudade de encontrar num trabalho. Com o passar dos anos e a saturação esperada, aos apreciadores restaram basicamente os core altamente técnicos e as distorções absurdas que extrapolam os ouvidos. Essa linha original com cheiro de anos oitentea do death metal contempla categoricamente as duas características, sem pender para nenhuma delas.

Neste trabalho a sanidade do homem é questionada a todo instante numa visão desesperadora, caótica, cheia de vultos, recordações e teorias sobre a incerteza das coisas. A vida é apresentada numa espécie de via sacra sem possibilidade de retorno e, como o próprio estilo sugere, interessa-nos apenas este fim, bem sabido, de toda instância biológica conhecida: a morte.

Track List
1. Unfound Mortality
2. Nightfear
3. Paradox Alley
4. I Bow to None
5. Painted Skulls
6. Violation Domain
7. Face Wihout Soul
8. Bleakhouse
9. Blood From Stone
10. Wrong Side of the Grave
11. Artefacted Spit Forth
12. Saneless Theory (live)
13. Deadfall (live)

Você pode baixar este álbum aqui.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

as 10+ do iron maiden




Que o Eduardo e eu curtimos o Iron Maiden me parece que é absolutamente perceptível (vide o novo design do blog). Não é pra menos: a banda inglesa foi uma das precursoras de um dos maiores movimentos da história do rock, quiçá o maior, a NWoBHM (New Wave of British Heavy Metal, Nova Onda do Heavy Metal Britânico, em tradução literal). Vendeu mais de 85 milhões de discos ao redor do mundo e é conhecida por ter os bangers mais fanáticos do meio rocker. Suas músicas são famosas por abrir mão dos clichês "sex, drugs and rock 'n roll" e buscar uma temática histórica, por muitas vezes baseando-se na literatura, em particular na literatura inglesa, e em fatos históricos, como batalhas, jornadas épicas e imperadores. E, dentre tanta música boa, eu não poderia deixar passar a oportunidade de eleger, na minha opinião, as dez melhores. Vamos a elas:

10- Iron Maiden

A faixa que leva o nome da banda e do disco estampada, claro, não poderia ficar de fora dessa lista. Tem uma agressividade impressionante, mas com toda a melodia dos duetos de guitarra de Dave Murray e Dennis Straton, claro. Fica também o destaque para um mini-solo do poderoso baixo de Steve Harris, em detrimento dos tradicionais solos de guitarra.


9- Seventh Son of a Seventh Son

A música homônima ao sétimo disco de estúdio da Donzela de Ferro, assim como o disco em si, gira em torno da lenda do sétimo filho do sétimo filho, uma criança com os poderes da clarividência enviada à Terra para o bem ou para o mal. O disco é considerado um prosseguimento do seu anterior imediato Somewhere in Time, com a mesma característica conceitual, e é baseado no livro The Seventh Son (O Sétimo Filho), de Orson Scott Card.


8- Flight of Icarus

Flight of Icarus, do disco Piece of Mind, conta a história mitológica de Ícaro, filho de Dédalo. Ambos haviam sido presos na ilha de Creta pelo rei Minos, em castigo a Dédalo por ter entregue a Ariadna, filha de Minos, um novelo de lã, que facilitou a fuga de Teseu do Labirinto que o próprio Dédalo, um notável artesão, havia construído. Dédalo construiu asas de cera para que seu filho pudesse escapar, mas este experimentou voar demasiadamente alto, de forma que o sol derreteu a cera e Ícaro caiu ao mar. É uma das músicas mais famosas da banda também por ter os vocais mais agudos de Bruce.


7- Aces High

Aces High, a primeira faixa do disco Powerslave, conta a história de um piloto da RAF (Força Aérea Real Britânica) em confronto com caças da Luftwaffe alemã durante a Batalha da Grã-Bretanha, ocorrida em 1940. A música inicia-se com o famoso discurso de Winston Churchill, à época primeiro-ministro inglês, ao anunciar o início da Segunda Guerra Mundial.


6- The Clansman

E quem disse que Blaze Bayley não merecia um lugar neste Top 10? The Clansman conta a história de um membro de um dos famosos clãs escoceses, que jura defender sua raça nem que para isso seja necessário sacrificar-se. O refrão "Freedom!" e os solos alternados de Dave Murray e Janick Gers tornam a música um dos maiores clássicos dessa era da banda.


5- Genghis Khan

E que tal uma das excelentes instrumentais da banda? Genghis Khan é dedicada ao líder do povo mongol de mesmo nome, conhecido por ser um excelente guerreiro e um imperador astuto. Destaque para a ferocidade da bateria de Clive Burr e a marcação precisa de Steve Harris e seu lendário baixo Fender Precision azul.


4- The Nomad

Se há uma outra característica que eu acho muito interessante no Iron Maiden é o fato de haver composições que foram tiradas com inspiração em temas que outras bandas jamais ousariam fazê-lo. The Nomad é o exemplo perfeito disso. É uma composição feita nos moldes do rock progressivo, com variações de ritmo, experimentalismos e um longo solo de sir Dave Murray. Simplesmente genial.


3- Rime of Ancient Mariner

Rime of Ancient Mariner, originalmente um poema do escritor inglês Samuel Taylor Coleridge e adaptado por Steve Harris, é a canção que fecha o Powerslave e também a maior composição da banda até hoje, com 13 minutos e 39 segundos de duração. A história fala sobre um marinheiro e a maldição que caiu sobre ele e toda a tripulação de seu barco após ter matado um albatroz, que na verdade era o pássaro da boa nova. Toda a tripulação morre, e o marinheiro fica por sete dias esperando ajuda, até que encontra um velho eremita que o leva à terra firme. Como pena por ter matado o pássaro, o marinheiro é obrigado a viajar pelo mundo e contar sua história em todo lugar que vá.


2- Alexander the Great

O maior imperador da história do mundo antigo, claro, também ganhou uma música em sua homenagem. Alexandre, o Grande, detentor do maior império da história, foi o tema da música que fecha o Somewhere in Time. A música, composta por - pra variar - Steve Harris, aborda as batalhas que Alexandre enfrentou para fazer com que o Império Macedônico se estendesse desde a atual Grécia até o Egito (ao sul) e à Índia (a leste). Esta música nunca foi executada ao vivo. Segundo Nicko McBrain, baterista do Iron, porque é uma música demasiado complicada para se executar ao vivo, com várias quebras de ritmos e solos extensos - mais uma vez, com alguns elementos do progressivo inseridos.


1- Quest for Fire

Vou ser sincero, Quest for Fire não é a minha favorita. Mas tem um motivo para que ela esteja no primeiro lugar dessa lista. A história por trás da música é uma das mais belas sagas do ser humano, ainda em seus primórdios, em busca do fogo, essencial para a proteção. Harris consegue traçar um paralelo perfeito entre a evolução do homem, enquanto ser racional, e a sua busca incessante pelo fogo, algo a ser temido e respeitado tal qual um deus. A melodia da música é bem diferente do Iron Maiden tradicional, com um timbre mais limpo das guitarras, bateria mais cadenciada, baixo um pouco mais exaltado e vocais (estes sim, como sempre) destruidores. Simplesmente genial; algo que só uma banda como o Iron Maiden poderia produzir.


E você, o que acha? Alguma música faltou, ou alguma sobrou? Qual sua opinião acerca da lista?

hardholz - jäger und gejagte (1995)

Lutz Edelhäusser, Michael Brill, Stephan Buchfeld,
Maik Vetzel e Frank Brill

Eu, particularmente, acho interessantíssimo quando você tá mexendo, de bobeira, pela net, e encontra uma dessas raridades, as quais você fica ouvindo e babando por um bom tempo. Salvo as hipérboles, é assim a minha história com a dessa banda alemã de Tambach-Dietharz, na província de Thüringen.

Sabe-se muito pouco sobre o Hardholz. Mesmo depois de extensas procuras pela internet, encontrei muito pouco acerca deles. Sabe-se, no entanto, que foi formada em meados de 1985, por Stephan Buchfeld (vocal), Lutz Rödiger e Peter Fleischmann (guitarras), Michael Brill (baixo) e Frank Brill (bateria). Já de princípio, ficou claro que eles não queriam ser meramente uma banda de covers, e sim inovar com um som puramente seu.

Mas na música, assim como na vida, como um todo, querer não é igual a poder, ao menos não sem muito esforço. Esforçados eles eram, tanto que, em 1990, conseguiram lançar um split (um disco dividido entre várias bandas, a fim de minimizar os custos), Heavy News, Speed News, em parceria com as também alemãs Merlin e Headless. Aparentemente, o split não trouxe o retorno esperado, e as duas parceiras do Hardholz no projeto, infelizmente, sucumbiram. Dada a falta de projeção, os dois guitarristas caíram fora já de princípio, e em seu lugar assumiram Lutz Edelhäusser e Maik Wetzel.

Mas o Hardholz não sucumbiu. Já no ano seguinte, eles conseguiram lançar uma fita demo, raríssima de se achar hoje em dia. A demo continha algumas músicas lançadas no split e mais algumas inéditas. Durante quatro anos, procuraram por gravadoras interessadas em seu som, mas nenhuma delas quis arriscar muito (a Alemanha passava por um momento político delicado à época, a reunificação, e dinheiro não era algo que muita gente usufruia).

Em 1995, dada a relutância das gravadoras, os garotos do Hardholz decidiram chutar o balde e lançarem um disco de selo independente, o Jäger und Gejagte, que vos apresento neste post. É um daqueles discos que você ouve e pensa "Caramba, como isso pode não ter feito sucesso?". Triste, porém verdade. É uma mistura da sonoridade do heavy metal com o peso do thrash metal, sendo assim de difícil classificação quanto ao estilo. Para complicar um pouco mais, em certas músicas há a incorporação de elementos clássicos do speed metal, mais notoriamente (como não poderia deixar de ser) a velocidade.

A história dessa banda fantástica termina em meados de 1996, quando eles finalmente não aguentaram à indiferença do público e encerraram as atividades. Mas ficou o seu legado, e é este legado que eu quero passar a vocês agora. Bang your head!

Track List
1. Jäger und Gejagte
2. Spiel mir das Lied vom Tod
3. Charon
4. Herbsttage
5. Die Prophezeiung
6. Der Aussteiger
7. Pakt mit dem Teufel
8. Bonus Dreck

Este álbum pode ser baixado aqui.

terça-feira, 5 de abril de 2011

stratovarius - elysium (2011)

Timo Kotipelto, Jens Johansson, Matias Kupiainen,
Jörg Michael e Lauri Porra




Após a saída do guitarrista e fundador Timo Tolkki, compositor de 95% das músicas do grupo até então, tudo parecia perdido. Sua trajetória é a própria ascensão dos finlandeses do Stratovarius no cenário do metal melódico. Sem querer parecer ingrato ou julgar sua inquestionável genialidade e contribuição ao estilo, meu único recado a ele hoje seria “obrigado por tudo, mas hoje eu pago pra ver o que será da banda sem você”.

Este é o segundo álbum do grupo sem o seu antigo cérebro e parece que eles acertaram a mão. Não chega a ser tão célebre para sua época quanto os Episode (1996) e Visions (1997) e por isso talvez alguns fãs xiitas da banda torçam seus narizes para o trabalho mais recente. Particularmente, encaro com otimismo todas as incursões a que se propôs a banda, incluindo as variações vocais do Timo Kotipelto e a sensibilidade apurada do Jens Johansson nas distorções de guitarra em passagens ora melancólicas, ora velozes.

Tive também a oportunidade de ouvir o mais recente projeto do Tolkki intitulado Symfonia (2011), cujo line-up traz um André Mattos afinadíssimo como sempre e bem menos anasalado. É um trabalho de absoluto respeito, todavia incorre no mesmo erro que calcificou por uma década a obra dos nórdicos: a discografia de Tolkki ganha outra ode a si mesmo com direito a sons de cravo e toda a ladainha deveras conhecida.

É sempre bom ouvir um trabalho de power metal passando longe do estereótipo “salvem a princesa das garras do dragão que se esconde nas masmorras”. Era disso que os Stratovarius precisavam se livrar. Acho que conseguiram.

Track List
1. Darkest Hours
2. Under Flaming Skies
3. Infernal Maze
4. Fairness Justified
5. The Game Never Ends
6. Lifetime in a Moment
7. Move The Mountain
8. Event Horizon
9. Elysium

Você pode baixar o álbum aqui.

sábado, 2 de abril de 2011

voodoo circle - broken heart syndrome (2011)

Alex Beyrodt  (Primal Fear), Mat Sinner (Primal Fear), David Readman (Primal Fear),
Markus Kullman (Dezperadoz) e Jimmy Kresic (Liquid Home)

    Músicos do Primal Fear? O segundo vocal do Pink Cream 69 indo pelo mesmo caminho do primeiro, Andi Deris? Teclado?! Isto só pode ser coisa do pessoal do power metal, não? Não.

    É o rico line-up do Voodoo Circle, projeto criado por Beyrodt em 2008 e que lançou em fevereiro seu segundo álbum. Já que inverti a ordem habitual pra falar dos músicos, é preciso fazer uma ressalva à brilhante formação do Primal Fear, banda muito boa que curiosamente se torna melhor quando seus membros resolvem trabalhar sozinhos ou aos pares, aos trios, enfim.

    A obra-prima da vez foi batizada como Broken Heart Syndrome e, embora lançada no mês passado, continua o hiato musical da pausa feita pelo Deep Purple em 1976. As influências do rock clássico jorram a todo instante e ainda assim o álbum soa original e cheio de pegada. Outra justa homenagem se faz ao gigante Whitesnake quando David Readman incorpora seu xará Coverdale com maestria em algumas faixas.

    A décima segunda faixa Wings of the Fury recorda no nome e na execução os virtuosismos temperamentais do Yngwie Malmsteen. E o exibicionismo em boas doses para por aí, já que o resto do álbum é feito de uma humildade cativante, os intérpretes trabalham em prol da música e não de si mesmos.

    Alguns trabalhos se destacam por ditarem a moda musical dos próximos anos. Aqui não temos um caso, mas até poderia ser se os mestres do passado não houvessem antes inventado o mais puro e bem feito rock’n roll. Assim sendo, por mais autêntico que deva ser um trabalho de inéditas e este é, nada custa reverenciá-los na forma e estilo que consagraram.

    Track List
    1. No Solution Blues
    2. King of Your Dreams
    3. Devil's Daughter
    4. This Could Be Paradise
    5. Broken Heart Syndrome
    6. When Destiny Calls
    7. Blind Man
    8. Heal My Pain
    9. The Heavens Are Burning
    10. Don't Take my Heart
    11. I'm in Heaven
    12. Wings of the Fury
    13. Strangers Lost in Time (bonus track)

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